Depois de mais uma seca descomunal de três horinhas numa clínica qualquer, após me retirarem mais um bocadito de sangue e de a minha paciência sair de lá pior que uma fatia de pão esquecida na torradeira ligada…lá me deram ordem de soltura, uffaaa!
Escusado será dizer que saí de lá faminta, só pensava em comer e não era comer qualquer coisinha… era mesmo devorar tudo que me aparecesse à frente! Decidida a por termo aos meus delírios, procurei um sítio onde pudesse dar uma valentes trincas… olho para a esquerda, nada. Olho para a direita e voilá… um centro comercial. Entro no elevador e deparo-me com uma criança de três ou quatro anos acompanhada pela mãe. A petiz choramingava por algo que não era perceptível, talvez uma birra daquelas que nem a própria criança sabe o motivo, e a mãe em vez de acalmar ou ignorar o comportamento da menina ameaça-a verbalmente:
- Cala-te!!! Cala-te!!! Ou te calas ou levas uma lambada que até te espirra o sangue pelo nariz!
A pikena olhou-a com um ar indiferente. Talvez já estivesse habituada a esse tipo de linguagem e ameaça. A birra continuou, só o volume das suas reclamações é que passaram a ser ouvidas como um murmúrio.
E eu… eu fiquei despromovida de qualquer reacção, fiquei petrificada, garanto que me doeu mais a mim do que à destinaria da mensagem. Congelei por dentro enquanto imaginava o dia-a-dia dessa criança. Pobre criança! Senti-me cúmplice dessa atitude, porque eu própria não tive o denodo de dizer um aiii. Eu que costumo reclamar e barafustar… desta vez, simplesmente, bloqueei.
Saímos do elevador e seguimos caminhos distintos. Eu olhei para a montra da pastelaria e nada me apeteceu. Pedi, somente, uma meia-de-leite por descarga de consciência. Há palavras que ferem e há olhares que marcam… ao ponto de nos tirar o apetite…
Eu sabia que um dia ia pagar, bem caro, as minhas fugas furtivas às idas ao médico. Sim, aqui a menina só vai ao médico quando está nas ultimas… tipo com um pé na cova, ou constantes alucinações de alguém com um tridente a segredar ao ouvido “ tu vais a seguir, vais desta para melhor.”. Como ainda me considero bastante jovem para “adeus mundo, vou partir”, lá me arrasto para um profissional de saúde. Mas, se fosse sempre assim, nem me estava aqui a lamentar… o pior é que agora não faço mais nada do que estar enfiada em consultórios médicos… bah!!!!!
A visita quinzenal à sanguessuga de serviço é quase uma obrigação religiosa. Vá, nada de reclamar, toca de esticar os bracinhos e entregar o meu sangue-não-azul para mais uma análise, mais um despiste, mais-um-rais-que-o-parta!
O meu organismo passou-se de vez, acreditem! Só posso atribuir este facto à PDI. Como não bastasse as dores de costas que me acompanham diariamente… agora, o meu organismo achou por bem brincar comigo… os valores de glicemia andam completamente loucos, aparvalharam de vez. Ou seja, se há dias que quase que arrebento a escala, noutros dias os valores estão completamente normais. Como não há qualquer constante neste valores… aqui a menina não faz mais nada do que repetir o belo do testezinho. Ahhhh e cada vez que é para repetir esta droga de teste, perco 3 horas… sim, o teste demora 3 horinhas de rabo alapado a um cadeira desconfortável… aiii as minhas costas! O que vale é que as coisas até são animadas… em jejum pedem para beber um liquido hiper-doce… bah…ninguém merece… depois para não cair na seca total da espera, de trinta em trinta minutos, ou de hora em hora, lá me vêm tirar mais um cadito do meu precioso elixir vital…
Amanhã lá vou eu estar mais 3 horinhas de bunda colada numa cadeira qualquer, mais uma análise aos valores da glicemia e confirmar, ou não, se tenho diabetes gestacionais. Qualquer dia, se isto continuar assim, os meus braços vão virar um passador… e farão "inveja" a muitos “agarrados”!
A minha Maria-princesa, pois claro!!!! 26 semanas e eu assim... um ovo andante! Com este vestido a barriga nem parece tão grande... irei colocar uma foto onde se veja o tamanho real do hotel gestacional!
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