Hoje, os filhotes foram colocar o selante nos dentinhos. A consulta atrasou-se e a Inês perdeu o período de aulas da parte da tarde.
Perguntei às crianças como queriam aproveitar a tarde e obtive como resposta:
- “ Vamos comer um gelado!” – disse a Inês, a mais velha
- “ Vamos andar de comboio! – Rematou o mais pequeno, o Dudu.
Como se tinham portado de uma forma exemplar na cadeira do dentista, acedi ao pedido. Estacionei o carro perto da estação dos comboios e fomos até ao nosso destino de “quimboio”!.
Depois de devorarmos o gelado, regressamos à estação. Nas calmas escolhemos os lugares para nos sentarmos. O banco escolhido foi o banco de frente aos das pessoas prioritárias (grávidas, deficientes, idosos e pessoas com crianças ao colo). A hora da partida aproxima-se e o comboio enche… hora de regresso a casa para a maioria das pessoas.
À nossa frente sentou-se uma senhora grávida e um senhor. Entretanto, o senhor cedeu o seu lugar a uma senhora bastante idosa. O comboio começou a sua marcha e as crianças intrometiam-se com a senhora grávida…a barriga grande despertou a atenção do Dudo e a simpática senhora - pacientemente - brincava com ele, explicava-lhe que dentro da barriga estava um bebé, o Gonçalo.
Perto do meio do percurso, vem uma senhora na casa dos
As reclamações idiotas continuavam e juntavam-se os olhares fulminantes da senhora com uma incidência para o nosso cantinho. As queixas incidiam na falta de força… falta de força? Só se for nas pernas porque na língua aguçada não era de certeza!!
Quem passa pelo meu espacinho sabe que há coisas que abomino… e estar caladinha não é muito do meu feitio! Mas, a Senhora não estava a falar, directamente, com ninguém em particular e eu não me ia meter ao barulho… bem… quer dizer, responder-lhe de uma forma directa!
Já não estava para ouvir mais a senhora!! Por uma questão de delicadeza e a ver se a calava ainda lhe perguntei se queria o meu lugar. Colocava o Dudu ao colo da Inês e a coisa ficava resolvida.
Engano meu! Obtive a resposta: “ de costas fico mal disposta!” ahhhh pronto, afinal a senhora até estava bem disposta, menos mal!! Se estivesse mesmo a precisar de um lugar para sentar não estava com aquelas parvoíces.
A senhora grávida teve o azar de sorrir (pelo ridículo da situação) e acabou por sobrar (de uma forma indirecta) para ela.
Basta!! Falta de respeito é coisa que não admito! Não e ponto final!! Todavia, responder directamente à recalcitrante estava fora de questão…
Em som audível, para quem estivesse próximo, perguntei às crianças:
-“ Vamos fazer um jogo, boa?? Este banco tem uma cor diferente, vocês sabem porquê?” – enquanto apontava para o banco à nossa frente.
O Duarte acenou com a cabeça que não sabia
- “ Este banco tem uma cor diferente porque está reservado para pessoas prioritárias… se olharem para ali (para a sinalética) vão ver quem se pode sentar lá. E agora a pergunta difícil… vocês vão olhar para as imagens e vão me dizer se as pessoas que estão sentadas são consideradas prioritárias… e se sim, vão descobrir a que grupo de pessoas pertencem…”
O Duartito, com os seus três anos, com uma alegria contagiante por causa da sua descoberta, diz alto e em bom som:
-“São estes dois!! Mamã, esta é a mamã do “Gonchálo”, ele está dentro da barriga” – apontava ele para a sinalética.”
O riso silencioso fez-se sentir entre os presentes e uma ilustre desconhecida que estava ao lado da rabugenta desabafava:
- “ Há coisas tão básicas que até uma criança consegue perceber!!”
Não aguentei, desmanchei-me a rir… eu e a senhora grávida!
. o casamento de uma prince...
. já voltei e não fui pelos...
. se eu não voltar...já sab...
. é oficial: eu já não vou....