Fui buscar o edredom à lavandaria. Estacionei o carro num dos lugares reservado a deficientes e grávidas. Fui à minha vidinha e quando voltei... lá estava o senhor policia de bloco na mão a escrever-me um “ postal de natal”. Nem quis acreditar, ainda pensei que ele só estivesse a ver o selo ou o seguro… sei lá. Aproximei-me com o edredom nos braços à frente da barriga.
-“ boa tarde! O senhor não me vai multar, pois não?” – perguntava eu incrédula.
-“ Vou sim, só estou a rectificar os dados.”
-“ aiii não vai não… que eu não estou a transgredir nenhuma regra!”
- “ a senhora pode reclamar o que quiser e com quiser… o seu carro não tem nenhum dístico e a senhora não aparenta nenhuma deficiência física.”
Enquanto via aquele bruto a continuar a rabiscar… passei-me, claro! Abri o carro, coloquei o edredom lá dentro e como se já não bastasse o calor que se faz sentir… o meu sangue já fervilhava.
- “ então passe a multa, faça o que tem que fazer. Mas identifique-se, por favor. O seu nome já o li na sua placa, só quero saber a que esquadra pertence, vou apresentar queixa contra si. Nunca na minha vida vi algo similar, autuar uma grávida por esta ter estacionado o carro no local reservado a grávidas!”
O homem pára e pela primeira vez deu-me atenção, olha para a minha barriga e pára de rabiscar. Com um tom de quem me estava a fazer um favor…
-“ Desta vez passa, minha senhora!”
- “Passa???????? Se pensa que eu estou a engendrar algum plano para me esquivar à multa, está engano. Tenho comigo meios de provar que estou grávida, para não falar da barriga, quer ver os documentos?”
-“ Minha senhora, não me leve a mal, mas há muitas mulheres que têm barriga e usam essa desculpa.”
- “ Se continua com dúvidas, passe a multa.”
Estava mesmo a ver quando aquele mal-encarado me iria presentear com o papelinho autografado. Passar até podia passar, mas a minha primeira paragem seria na esquadra mais próxima. Ok, ele não adivinha se estou grávida ou não… e com o volume à frente da barriga não era visível o meu estado. Tudo bem… mas que me ouvisse ou perguntasse, não era ignorar-me primeiro e depois com um tom jocoso e desconfiado dizer que deixa passar. Deixa passar??? Não, meu senhor! Eu é que deixei passar a sua ignorância e má educação.
E lá vim eu a rosnar sozinha, mas sem multa!
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